Booktokers, Geração Z e a Revolução no Mercado Editorial em pauta na Fliporto 2025

Booktokers, Geração Z e a Revolução no Mercado Editorial em pauta na Fliporto 2025

Se o futuro do livro já esteve em dúvida, a Geração Z e seus booktokers vieram dar uma resposta clara: ele será jovem, digital e profundamente conectado com as emoções dos leitores.

O BookTok terá vez e voz na Fliporto 2025, que criou um espaço dedicado a essa importante tendência de leitura: a Fliporto Aventura, além da editora digital Edições Aventura.

Nos últimos anos, uma revolução silenciosa — porém poderosa — vem transformando o mercado editorial brasileiro. No centro desse movimento está o BookTok, uma comunidade de criadores de conteúdo no TikTok que fala sobre livros de forma envolvente, emocional e direta. São os chamados booktokers, que conquistaram milhões de seguidores e têm influenciado decisivamente os rumos da literatura jovem.

Alimentado pela Geração Z — jovens nascidos entre meados dos anos 1990 e 2010 — o fenômeno transcende as redes sociais e reconfigura hábitos de leitura, estratégias editoriais e até as listas de mais vendidos.

Essa geração cresceu em meio à hiperconectividade, à linguagem dos memes e à instantaneidade digital. Muitos acreditaram que seriam avessos aos livros. No entanto, contrariando os prognósticos mais pessimistas, esses jovens se tornaram protagonistas de uma nova cultura leitora — sob os seus próprios termos: lendo o que querem, como querem e quando querem. E o BookTok é o palco onde essa autonomia floresce.

Vídeos curtos, entre 15 e 60 segundos, com reações emocionadas, indicações apaixonadas e estética cuidadosamente pensada, têm o poder de esgotar tiragens inteiras. Romances com finais impactantes, tramas com reviravoltas psicológicas e narrativas inclusivas são os favoritos. O resultado é que obras como “É Assim que Acaba” (Colleen Hoover) e “A Hipótese do Amor” (Ali Hazelwood) se tornaram best-sellers no Brasil, impulsionadas diretamente por essa vitrine digital.

Editoras e livrarias, atentas ao alcance desses influenciadores, passaram a rreformular as suasestratégias. Autores antes invisibilizados ganham reedições com capas voltadas ao gosto da Geração Z. Novos selos editoriais foram criados para atender a esse público, e parcerias com booktokers tornaram-se parte do planejamento de marketing. Hoje, a influência digital é, muitas vezes, mais decisiva que uma resenha em jornal tradicional.

Outro ponto notável é a democratização do acesso à literatura. O BookTok abre espaço para autores independentes e para narrativas diversas. Ao escolherem o que consomem e divulgam, os jovens leitores desafiam as curadorias tradicionais e constroem uma cena literária mais plural, emocional e engajada.
Essa revolução, no entanto, traz desafios. A efemeridade dos algoritmos e a pressão por viralização podem limitar a diversidade de gêneros lidos e gerar ciclos rápidos de consumo e esquecimento. Ainda assim, o saldo é positivo: mais leitores, mais livros vendidos e uma cadeia editorial que precisa, cada vez mais, ouvir e dialogar com esse novo público.

O BookTok não é modismo. É o reflexo de uma geração que encontrou nos livros um espaço de acolhimento, identidade e resistência — e que, ao fazer isso com likes, hashtags e vídeos curtos, reinventou o mercado editorial brasileiro.

Se o futuro do livro já esteve em dúvida, a Geração Z e seus booktokers vieram dar uma resposta clara: ele será jovem, digital e profundamente conectado com as emoções dos leitores.

A Fliporto 2025, atenta a esse movimento, criou a Fliporto Aventura e a editora digital Edições Aventura como espaços de escuta e celebração dessa nova onda leitora. A tendência merece ser não apenas observada, mas acolhida com entusiasmo — com voz, vez e protagonismo.

Antônio Campos
Curador-Geral da Fliporto – Festa Literária Internacional de Pernambuco

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